ESCORPIÃO E A SÉTIMA HIDRA: O ORGULHO

 

O ORGULHO SEMPRE ANTECEDE UMA QUEDA

"Se você se permitir cair presa do orgulho, será humilhado. Seja modesto. O orgulho sempre antecede uma destruição, da mesma maneira que um espírito de arrogância antecede uma queda. É melhor ter um espírito de humildade, até de inferioridade, do que dividir e estragar o que se tem por causa do orgulho".

"A TERCEIRA E A QUARTA (raças) TORNARAM-SE UMA TORRE DE ORGULHO. SOMOS REIS, SOMOS DEUSES [das Estâncias de Dzyan]. Esses foram verdadeiramente os primeiros homens físicos, os quais tiveram como primeira característica o orgulho! Foram a terceira raça (Lemurianos) e os gigantes Atlantes (...) que criaram uma forma objetiva de (...) gigantes, de feiticeiros e magos terríveis" [comentário sobre as Estâncias] [i]

Como sugere a passagem acima, o orgulho tem estado à volta da raça humana por longas eras, desde que foi infundida com “a centelha da mente”, há 21 milhões de anos. Em outras palavras, desde que os homens começaram a pensar, começaram a ter orgulho.

Geralmente, associamos o orgulho astrologicamente ao signo de Leão, mas Escorpião é o signo da cruz fixa que traz, conjuntamente, todos os testes de iniciação de todos os signos fixos — Touro, Leão, Escorpião e Aquário. Por isso a batalha de Hércules com a hidra de nove cabeças (dragão) nos pântanos fétidos de Lerna é um dos mais significativos entre os doze trabalhos. Escorpião é o signo do discípulo mundial que luta para adquirir maestria sobre o eu inferior, para poder obter a liberação através do controle da Alma.

As nove cabeças são três grupos de três, e representam os testes dos planos físico, astral e mental. Estes agrupamentos de três também estão relacionados à ilusão em suas três formas e conectados com as três fileiras de pétalas do lótus cardíaco: as pétalas do conhecimento, do amor e do sacrifício. Por isso,

Plano

Cabeças da Hidra

Qualidade Inconsciente

Pétalas do Lótus Cardíaco

Físico

Sexo, conforto, dinheiro.

Maya

Conhecimento

Astral

Medo, desejo por poder, ódio.

Glamour

Amor

Mental

Orgulho, separatividade, crueldade.

Ilusão

Sacrifício (Vontade)

Logo, pode ser visto como as experiências físicas durante muitas vidas relacionam-se com o desenvolvimento das pétalas do conhecimento, como o astral é um reflexo inferior do principio do amor, e como o mental é uma expressão inferior da vontade. Esta tabela provê uma estrutura na qual podemos ver o tema do orgulho e sua relação com as outras cabeças da hidra.

Definições de Orgulho

“1. Opinião elevada ou exagerada sobre a própria dignidade, importância, mérito ou superioridade, quer seja apenas apreciada na mente, ou expressa através de conduta explícita ou da auto-referência.

2. O estado ou sentimento de sentir-se orgulhoso.

3. Tornar-se ou ter um sentido de dignidade do que é devido a si mesmo, à sua posição ou caráter; auto-respeito, auto-estima.

4. Prazer ou satisfação por alguma coisa feita, por alguma coisa que se possui ou se concebe como um reflexo de crédito pessoal: orgulho cívico.

5. Aquilo de que uma pessoa ou grupo de pessoas se orgulha: ele era o orgulho da família.

6. A parte melhor ou mais admirada de alguma coisa.

7. O estado ou o período mais florescente: orgulho da humanidade.

8. Uma companhia de leões.

9. Coragem para conduzir cavalos.

10. Arcaico: Esplendor, magnificência ou pompa.

11. Arcaico: Ornamentos ou adornos.

12. Obsoleto: Desejo sexual, especialmente em um animal fêmea" [ii]

Com muita pertinência, a tabela acima mostra como o orgulho está relacionado à ilusão; na verdade, ele é liberalmente uma ilusão. Está relacionado à aquisição de idéias e sua interpretação, e ao sentido de discriminação entre o real e o irreal que começa a despertar.

O orgulho se apresenta como uma percepção exagerada de si mesmo, pomposidade, importância exagerada e um ego inflado. Está presente em todos os seres humanos em um grau ou outro e também em formas muito sutis. O orgulho é a identificação mental do conhecimento de si mesmo como um eu, por isso ele é uma parte do ahamkara ilusório (o sentimento de egotismo, o Eu, ou “Eu-ismo”).

O orgulho antecede a queda, porque o ego inflado deve descer à terra (por os pés no chão), caindo do elevado lugar que foi ocupado por auto-indicação. Ícaro não pode voar tão perto do Sol sem que a cera de suas asas se derreta. Ao cair na terra (húmus), é humilhado, trazido à terra, atolado no lamaçal de Lerna.

O orgulho nos impede de ser quem realmente somos, impede que encontremos o verdadeiro EU, porque o ahamkara ilusório está presente e assumiu o controle. O orgulho distorce a realidade, porque é uma ilusão. O orgulho nutre a separatividade, que é uma das três cabeças mentais da hidra. Quando alguém é presa do orgulho, se afasta de seu próximo. O orgulho também nutre seu filho ilegítimo: a condescendência, a atitude de quem olha para os outros “por cima do nariz”, do alto de sua torre de marfim.

O orgulho existe em várias formas óbvias e como um aspecto da sombra ou Morador do Umbral. É sempre muito difícil ver o orgulho dentro de nós; é muito mais fácil vê-lo nos outros. O orgulho está relacionado ao medo (uma das cabeças da hidra astral) e à baixa auto-estima, daí os dois extremos de inferior e superior: baixa auto-estima e orgulho. Isso está muito bem retratado no livro A Ciência das Emoções de Bhagavan Das. [iii]

O Orgulho e o Conhecimento

Todos os graus de orgulho estão relacionados à correta interpretação do conhecimento (como foi mencionado antes) e/ou à identificação com esse conhecimento. A sabedoria vê através do orgulho, como um resultado do conhecimento aplicado à vida do dia-a-dia.

O conhecimento é relativo, e quando é pouco pode ser uma coisa muito perigosa. Para nos mantermos informados no dia-a-dia, obtemos um conhecimento relativo que pode ser acurado, ligeiramente verdadeiro ou falso, ou de outro grau qualquer de cinza entre os dois extremos. Podemos ter ressonância com esse conhecimento e talvez ele seja o único conhecimento que temos. Ter ressonância não significa necessariamente que algo seja verdadeiro, geralmente é apenas um aspecto da verdade — tudo depende de como desenvolvemos a discriminação. Isto pode ser aplicado a todos os aspectos da vida e do viver diário, e também à soma total de nossas experiências e interpretações através dos nossos véus de ilusões.

Informar-nos continuamente, mantermos uma mente aberta, estarmos dispostos a modificar ou a mudar completamente nossas idéias, é um bom antídoto contra o orgulho. O orgulho só se manifesta quando existe apego e excesso de identificação com o nosso processo contínuo de compreensão do conhecimento do eu, ou do sentido do eu, quer seja física, emocional ou mental.

Se o conhecimento é absorvido sem uma correta discriminação, a ilusão se forma; se o conhecimento é identificado com o eu, o orgulho é criado — um sentido irrealista e inflado de ego, o não-eu.

No intercâmbio e na partilha do conhecimento, um dos grandes impedimentos é o orgulho. Se muito orgulho está presente, nem um engajamento mútuo, nem um verdadeiro diálogo acontecem. Quando o orgulho prega monólogos, pronunciamentos definitivos, afirmações e argumentos inacessíveis, inibe uma exploração mais profunda entre as duas partes. Se através do orgulho, alguém tem o interesse assumido de proteger suas amadas teorias ou idéias, o diálogo não acontece, nem a escuta um do outro, pois o ahamkara fica ameaçado e amedrontado.

Naturalmente, diálogo é ouvir, aprender, falar e informar, intercambiando mutuamente informações que beneficiam as duas partes, onde todos saem enriquecidos e alcançam uma compreensão mais profunda. Isso só pode ser conseguido se uma humildade verdadeira, esse grande antídoto para o orgulho, estiver presente e ativa (não uma visão afetada). Se não se fizer isso, um dia será obrigado a comer da torta da humildade, que estava fora da dieta.

Usando novamente a analogia do húmus, no diálogo os dois estão “com os pés no chão”, estando abaixo ou por trás (standing under) de qualquer resíduo de ego que esteja presente, e o resultado final será compreensão (under-standing) [compreensão na língua portuguesa pode ser visto como: com+prender ou unificar/juntar/comprimir tudo em um só ponto, enfoque, uma visão que fica enriquecida com mais de um ponto de vista – N.T.]. Usando um simbolismo maçônico, eles se encontram “no mesmo nível”, e em termos arturianos, sentam-se como iguais na távola redonda.

O morador com seu sentimento de auto-importância [poema não traduzido]

O Orgulho nos Signos Zodiacais, Planetas, Casas e Raios

Como afirmei anteriormente, Leão é o signo do orgulho,como relatado pelo bardo:

"AJAX: Sim, leão doente, doente de um coração orgulhoso. Pode chamar de melancolia, para favorecer o homem; mas para mim, é orgulho." [iv]

"RAINHA: Como está meu Ricardo tanto em forma como em mente? Transformado e enfraquecido? Bolingbroke depôs seu intelecto? Ele esteve em seu coração? O leão que estava morrendo estendeu sua pata e arranhou a terra, quando nada, para mostrar sua raiva, para reaver seu poder, e assim recuperar-se como um bom aluno. Faça a correção suavemente, beije o cetro, mostre que a raiva está contida e baseada na humildade. Qual o talento do leão, o rei dos animais?

REI RICARDO: Na verdade, um rei de animais! Se não são nada além de animais, eu seria ainda mais feliz se fosse um rei de homens." [v]

Na raiz das maneiras tiranas de Ricardo estava o orgulho, um orgulho que era estimulado apenas pela bajulação de seus líderes. Elogios sem limites e cumprimentos constantes são uma indicação segura da presença de orgulho. No poder das faculdades mentais é onde reside o orgulho de Leão, expresso pela “juba do corpo mental”, que é também um agente de separatividade.

O orgulho é um aspecto do Morador e os planetas “não-sagrados” são um veículo para sua expressão (principalmente a Lua). Os que sofrem muito de orgulho podem ter a Lua, Marte, Plutão em Leão, mas qualquer planeta “não-sagrado” em Leão, como Marte e Plutão, podem ter efeito similar.

No entanto, o orgulho com suas várias facetas pode ser visto em todos os signos. Outros signos que merecem ser mencionados são os signos de fogo, que completam a triplicidade da qual Leão é uma parte — Áries e Sagitário. O fogo é o símbolo de manas ou mente. Marte, como regente de Áries, já foi mencionado e Júpiter, como regente de Sagitário, é um outro lutador maior para a síndrome de “ego superinflado”. É interessante que Júpiter e o Sol sejam os co-regentes do segundo raio de Amor-Sabedoria, conhecido pelo orgulhoso espelhismo do “desprezo pela limitação mental dos outros”.

Capricórnio (que rege os joelhos) é também um outro signo de orgulho, por causa de sua ambição de ter sucesso e controle sobre a matéria. Seu regente Saturno tem uma associação íntima com inteligência e mente, fazendo com que o discípulo rebelde ou indisciplinado, quando necessário, seja colocado de joelhos. Capricórnio também tem uma ligação forte com Leão, "o Leão e o Unicórnio”.

Uma quinta casa forte no horóscopo (por causa da presença do Sol ou dos regentes do signo ascendente nesta casa) também pode indicar uma predisposição ao orgulho. As pessoas medianas, que “vivem nas casas” mais do que nos signos, estarão mais inclinadas a esse denominador comum inferior. Mas isso não é uma coisa incomum para ser experimentada por discípulos, principalmente se estão polarizados no plexo solar. O plexo solar é o quinto contando de cima para baixo, e corresponde à quinta casa regida por Leão, e é de onde o “animal da floresta” ruge. O plexo solar é a “toca” do Morador que procura manter o status quo do poder temporal.

Existem também aspectos ou ângulos em uma carta que são condutores mais fáceis de expressão de orgulho, como o Sol em quadratura com Júpiter ou Marte em oposição à Mercúrio. Estes são traços óbvios, mas se cada um dos signos for investigado, o orgulho pode ser encontrado em todos eles. Virgem é um outro signo que, com sua destreza e precisão mental, também dá margem ao orgulho, mas pode ser que não seja tão óbvio por causa de sua maneira precavida (introvertida), que mascara o orgulho. É interessante que Oscar Wilde tenha chamado o orgulho de máscara:

"Mas eu digo isso sobre a falta de autenticidade: o orgulho é uma máscara. Atrás dela encontrar-se-á sempre alguma outra coisa, pode ser uma outra máscara, mas geralmente é simplesmente tristeza. A tristeza não é uma máscara para ninguém, a tristeza simplesmente é. Esta é uma das verdades mais duras, mas é também uma grande virtude. Na tristeza não temos outra escolha, a não ser sermos quem realmente somos."

O eu sem autenticidade, o impostor etc, cuja tristeza deriva de um sentido inato de não ser capaz de conectar-se com a alma e experimentar sua alegria. A citação acima também se refere à afirmação inicial de como um sentimento de baixa auto-estima pode gerar o orgulho como uma compensação, como também no poema de Shakespeare que se refere à melancolia.

Ainda sobre a auto-estima, o orgulho tem vários graus de expressão. Talvez possamos utilizar o orgulho positivamente em nosso trabalho e pode ser saudável para manter alguns padrões de qualidade, mas o risco é não se saber como andar nessa linha tão fina e não identificarmo-nos com algo com que estamos tão intimamente envolvidos. Algumas pessoas têm orgulho de sua aparência ao ponto da vaidade, que também é uma outra filha do orgulho; alguns se orgulham de sua humildade! Narciso, que caiu em um lago e afogou-se depois de se apaixonar por seu próprio reflexo, também é uma aspecto do orgulho. O ocidente em geral é muito narcisista, constantemente preocupado com a imagem corporal e o eu inferior. O lado mais escuro e suas conseqüências podem ser vistos no seguinte poema:

Outlands [não traduzido]

Os sete raios possibilitam várias pré-disposições com relação à expressão do orgulho. O primeiro e o quinto raios são os contendores óbvios (ou seriam ofensores?!), e é interessante que esses são os únicos raios que fluem através de Leão. O segundo raio já foi comentado e os estudantes talvez desejem explorar outros raios sob esta luz.

More Ditties and Haikuesques on Pride [vi] [outras frases poéticas não traduzidas]

Para Thomas More, o filósofo inglês, o orgulho é "a raiz de todo engano”. Ele lutou fortemente contra este em si mesmo, e sabia que o orgulho é o maior obstáculo para o uso da razão, ao se tomar decisões. Ele viu claramente que o "esplendor vazio" de um alto escalão poderia trazer consigo a própria queda.

"Eu posso ver o orgulho espreitando de cada parte dele"

Henrique VIII 1.1.68-9, Abergavenny para Buckingham.

"Meu orgulho caiu com minha fortuna"

Como Você Quiser 1.2.242, Rosalind para Orlando.

[Diálogos de peças de Shakespeare não traduzidos]

A Vaidade da Humanidade

“Ele tentou em vão” é uma expressão que ilustra um esforço que não é bem sucedido em conseguir alguma coisa, não necessariamente por causa das deficiências pessoais ou pelo orgulho envolvido na questão. Mesmo assim, ela implica o tema da prudência, do conhecimento das próprias limitações. Os que são inflados pelo orgulho não conhecem suas limitações e voam, como Ícaro, perigosamente perto do Sol, onde suas construções mentais, que foram as “asas do seu vôo”, se derretem e os trazem de volta à terra — onde o impacto provoca um barulho surdo.

Esse é um tema profundamente filosófico, do ponto de vista do que a humanidade deve conseguir: alcançar as alturas solares e imbuir-se da consciência superior. Caminhamos uma linha delgada entre a expansão jovial de Júpiter e a contenção e precaução de Saturno. Alguns de nós nascemos para ser Ícaros e chegar o mais perto possível do Sol, para roubar o seu fogo, como fez nosso antigo ancestral Prometeu, enquanto outros vão caminhar uma rota mais segura, comendo os frutos que outros plantaram e colheram.

"Como foi que Prometeu conseguiu ter a chama divina? (...) O fogo tem sua habitação nos céus, é lá que devemos ir para poder encontrá-lo, antes que possa ser trazido para a terra. Mas para que possamos nos aproximar dos deuses, temos que nos transformar em deuses. (...) Por isso o dom oferecido ao homem por Prometeu foi uma conquista realizada nos céus. (...) Prometeu (...) pertence àquela classe de Titãs que se rebelou contra os deuses. (...) A alegoria do fogo de Prometeu é uma outra versão para o orgulhoso Lúcifer, que foi jogado às trevas em um poço sem fundo, ou simplesmente à Terra, para viver como homem." (várias fontes da Doutrina Secreta).

O orgulho nega o acesso ao coração, e paradoxalmente Leão rege o coração, onde está ancorado o fio da vida, relacionado à Vontade, da qual a mente concreta é a correspondência inferior. O coração físico também está relacionado ao chakra cardíaco, que é o órgão do amor, e cuja expressão inferior é o corpo astral. O orgulho separa a cabeça do coração, e o amor fica sendo somente uma idéia e não uma expressão viva — esta é uma área onde os “adeptos da nova era” e “esoteristas” geralmente caem presos do espelhismo.

O orgulho faz com que aquele que o tem sinta-se onipotente, e está relacionado ao poder. O orgulho nutre o sentimento de poder, e por sua vez, o sentimento de poder nutre o orgulho. Esses perigosos companheiros íntimos tornam-se parceiros em um crime — a negligência do dever para com a lei espiritual.

Como dito antes, o orgulho, como todos os outros aspectos do Morador, vive escondido em seu quartel general, o plexo solar, e somente se mostra quando é desafiado, particularmente quando se sente ameaçado em sua raison d’etre. Quando isso acontece, ele luta como uma fera acuada na floresta, e não como um nobre rei. Transforma-se em um tirano, fala alto, delira, chuta e grita, empilha racionalização em cima de racionalização, “incha e sopra” esbravejante, é reativo emocionalmente, nutrido pelo plexo solar e por todos os outros motivos inconscientes mascarados pelo orgulho. Aferra-se desesperadamente à verdade com a qual está identificado — que dá suporte a si mesmo e que nutre um coração faminto.

Caso esse caminho seja seguido com tenacidade em uma vida ou uma série de vidas, o temperamento, que se inicia sem muita força, se fortalece e se transforma em uma esquizofrenia profunda e enraizada. É possível que haja mais casos destes à medida que a 5a raça raiz desenvolva a mente. Curiosamente, é uma atitude que está exatamente paralela ao que aconteceu no tempo da individualização na Lemúria, quando a “humanidade nasceu com orgulho”, com a diferença de que agora estamos nos movendo para cima e naquela época o pêndulo oscilava para baixo. O resultado do orgulho é a criação da separatividade, a “maior heresia” a que muitos que estão no caminho estão sujeitos:

"Mas quando os altamente desenvolvidos e os mais inteligentes da raça descobrem dentro deles a Chama divina, e despertam o poder do Controlador supremo, estabelecido no coração de seu ser, tendem a colocar-se em uma categoria mais elevada do que a dos outros e a classificar os que não têm a sua habilidade mental para discriminar o desenvolvimento evolucionário como sendo muito diferentes deles e que não merecem nem o nome de Filhos de Deus. Eles vêem todos os que não estão usando energia mental como ausentes de alma, e portanto como desprovidos de persistência eterna como indivíduos. Isso é apenas um espelhismo da mente, é parte da grande heresia da separatividade, e indica palidamente o período vindouro em que a mente será tão dominante, mas também tão enganadora, quanto o corpo sensitivo (astral) é no presente momento." [vii]

A separação do verdadeiro Eu pode ser um grande desastre no caminho espiritual e pode produzir longas demoras para se voltar “ao trilho”. É uma divisão na mente, mas também a separação entre o coração e a mente. Apesar de tudo a desintegração da mente pode ser um remédio saudável para uma mente que necessita de “reforma” enquanto o coração recebe outra vez a ênfase — mate a mente e desperte o coração.

O perigo se apresenta para o discípulo, principalmente antes da terceira iniciação (onde é demonstrado o controle da mente, isto é, a liberdade do orgulho) — quando acontece a transfiguração da personalidade. É um dos estágios dos mais perigosos, porque se está em perigo de entrar no “caminho da esquerda”.

De fato, levado a um estado de doença mental profunda e enraizada, pode-se ser um instrumento para as forças materialistas que encontram uma entrada na mente iludida e alimentam as ilusões existentes. Por sua vez, também envenenam tudo o que está no ambiente do discípulo, principalmente aqueles que estão em sua periferia e têm menos discriminação ou discernimento, e que podem ser envolvidos e arrastados para o redemoinho de uma personalidade poderosa.

É dito que “pouco conhecimento é uma coisa perigosa”, e usando a mesma medida, muito conhecimento também é uma coisa perigosa, que dá ao seu possuidor muita responsabilidade. É aí que qualquer “brecha” na armadura do discípulo fomentará uma situação já existente de orgulho e ilusão. Por exemplo, se a pessoa não conseguiu o pré-requisito de finalizar o trabalho de integração e de ter uma personalidade integrada (integração de todos os corpos, o que muitos esoteristas ainda não têm), as hidras astrais de ódio e de desejo de poder se apresentarão. Se as samskaras dentro do corpo emocional estão firmemente entrincheiradas nesta vida, ou se já vieram de outras vidas, a situação pode tornar-se realmente perigosa. O indivíduo será um “morador do umbral ambulante” ou um “monstro”, e ninguém será capaz de chegar até a pessoa, pois seu mecanismo de isolamento e de separatividade funcionará muito bem.

O monstro, como um animal predador da floresta, alimenta-se de qualquer coisa que surge à sua frente ou que é dirigido até ele — tudo faz parte da “lavagem” [comida de animais – N.T.] que coloca em sua toca sem fundo, onde se esconde o voraz morador. Ele se comporta como todas as dependências que emanam da natureza de desejo (ancorada no plexo solar), e que nunca ficam saciadas. Transforma-se em um vórtice de energia escura, e mesmo vampirizadora. Se ocorrer obsessão ou possessão, “outras forças” ainda penetrarão e alimentarão o delírio. Essa é uma realidade pesada e sinistra.

Este é o caminho que leva à “oitava esfera”, onde acontece um rompimento completo da conexão com o corpo causal, o corpo da alma. O discípulo se transforma então em Darth Vader [alusão ao filme Guerra nas Estrelas – N.T.] e se une às fileiras da irmandade negra. Logo, se queremos descobrir para onde o orgulho nos leva, é para uma estação abandonada com trilhos desertos em alguma ferrovia fantasma do cosmo. Isso é um pouco escuro e pesado, mas é bem escorpiano.

Conclusões extremas como as acima são relativamente raras, mas estão se tornando cada vez mais prevalecentes neste período crítico da 5ª raça raiz, com seu desenvolvimento mental. A passagem seguinte leva em consideração que, no futuro, as doenças e problemas mentais afetarão cada vez mais os discípulos e os místicos:

"A crítica é baseada em muitas coisas, mas freqüentemente se baseia no ciúme, em uma ambição distorcida, ou orgulho do intelecto individual. Todos os membros de todos os grupos, principalmente os que estão no círculo imediato do líder ou lideres, têm a tendência a assumirem a posição de juizes. (...) A crítica silenciosa é muito perigosa, porque é muito enfocada e forte, mesmo que não seja dirigida individualmente; atua continuamente como um fluxo constante que é projetado nas asas da inveja, ciúme, ambição, orgulho, baseados em uma interpretação pessoal de alguma suposta situação e na crença de que aquele que critica está em posição de compreender mais corretamente e — se fosse dada a oportunidade — empreenderia a ação mais corretamente. (...)

De todos os lados e em todos os grupos, existem correntes dirigidas aos lideres; podem ser correntes de críticas diretas, de pensamentos envenenados, pode ser a formulação falsa de idéias, comentários malévolos, fofocas do tipo destrutivo, imputação de motivos, ciúmes, invejas e ódios não verbalizados, ambições frustradas por parte de membros dos grupos, seus ressentimentos, desejos insatisfeitos por destaque ou vontade de serem reconhecidos pelo líder ou pelos líderes; pode ser o desejo de ver o líder substituído por eles mesmos, e muitas outras formas de egoísmo ou orgulho mental." [Psicologia Esotérica II].

Advertências para evitar o orgulho variando em categoria de 1 a 5: Cultive a humildade na vida diária. Vigie continuamente a mente crítica e cruel com sua tendência para separar e condescender. Escute a voz da razão, especialmente as de seus pares e co-trabalhadores (divida com eles a torta da humildade de vez em quando!). Tenha vontade de admitir suas limitações ou aspectos ainda não redimidos de sua natureza que se mantêm repetindo padrões velhos e degenerados. Escorpião-Plutão são a própria força da regeneração que pode acontecer durante este período solar. Tente não seguir sua linha de menor resistência e libere-se — mantenha diálogos. Não seja vítima de uma idéia fixa.

Mantenha-se vigilante sobre as áreas envolventes intrigantes e glamurosas da fraqueza humana — com relação aos que já passaram pelo mesmo caminho antes — e também com a fraqueza da vaidade. Concentre-se no trabalho verdadeiro que está ao alcance de suas mãos, e faça isto AGORA. Trabalhe na segurança do coração, viva o momento presente — um momento maravilhoso!

por Phillip Lindsay © 2005

[i] A Doutrina Secreta II, H.P. Blavatsky. pp. 271-272 da edição inglesa.
[ii] Dicionário Macquarie
[iii] Veja um ensaio relacionado a este tema e os sete raios em: http://www.esotericastrologer.org/EA%20Essays/JEP%20Journal/ScienceOfEmotions.pdf.
[iv] Tróilo e Cressida, ato 2, cena 3. William Shakespeare.
[v] Rei Ricardo II, ato 5, cena 1. William Shakespeare.
[vi] Todos poemas do autor.
[vii] Tratado Sobre Magia Branca, Alice A. Bailey. p. 357 da edição inglesa.

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